De Itapuã para o mundo: grupo baiano leva samba de roda a palco em Paris

No próximo dia 19 de junho, o Théâtre de l’Alliance Française, em Paris, será palco de uma apresentação única que conecta a cultura popular da Bahia ao cenário internacional. O grupo Rumo do Vento, formado por artistas do bairro de Itapuã, em Salvador, se apresenta no Festival de L’imaginaire com o espetáculo Samba de Itapuã.
O show propõe uma imersão nas tradições musicais do bairro litorâneo de Salvador, com sambas de roda, cantos de matriz africana e cirandas que remontam às raízes culturais do Recôncavo e do interior da Bahia. A apresentação é dirigida pelo músico Amadeu Alves, que define o espetáculo como uma “oferenda musical”. O nome do grupo, Rumo do Vento, foi criado por Seu Régi de Itapuã, um dos integrantes e referência do samba local. Segundo Amadeu, o título simboliza o momento atual da trajetória do grupo: “Estamos seguindo o vento que nos leva para além-mar, para o centro da cultura mundial”, afirma.
O repertório reúne composições autorais de Amadeu e de Seu Régi, além de sambas de domínio público e cantos tradicionais. A abertura da apresentação será com um arranjo de Asa Branca, clássico de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A performance alterna ritmos como baião, ijexá, samba de roda e cantos afro-brasileiros. “O show é Samba de Itapuã, mas com amplitude. É um corpo só com várias pulsações”, resume o diretor.
Entre os destaques do grupo está Dona Salvadora, 69 anos, nascida em Taperoá, no Baixo Sul baiano, e moradora de Itapuã há décadas. Com composições inspiradas no bairro e na Lagoa do Abaeté, ela embarca para sua primeira viagem internacional. “É muita alegria ir para Paris. Nunca viajei de avião, estou feliz da vida”, comenta.
A preparação para o espetáculo incluiu mais de um mês e meio de ensaios intensivos. Os músicos realizam encontros semanais e ajustes diários no repertório. “Uma roda de samba é espontânea. No palco, é trabalho. Exige compromisso”, pontua Amadeu.
A apresentação do grupo Rumo do Vento em Paris integra a programação do Festival de L’imaginaire, reconhecido como uma das principais vitrines da diversidade cultural no cenário europeu, e reforça a presença da cultura popular baiana no circuito internacional.
As informações são do jornalista Pedro Hijo, publicadas no Jornal A Tarde.