Projeto de cervejaria na Bahia dá aula de sustentabilidade ao Brasil; conheça
Responsável por duas fábricas no Nordeste, o Grupo Petrópolis — conhecido por marcas de cerveja como Itaipava — vem investindo em estratégias para reduzir seu impacto ambiental nas unidades de Itapissuma (PE) e Alagoinhas (BA). As ações incluem desde a destinação de resíduos até programas de educação voltados para comunidades do entorno.
Um dos destaques é o projeto Aterro Zero, criado há uma década, que busca reaproveitar quase integralmente os resíduos gerados nas operações industriais. Atualmente, apenas 0,17% do total (cerca de 500 kg) dos resíduos das oito fábricas da empresa ainda são enviados a aterros sanitários. O restante é reaproveitado por meio de parcerias com empresas que utilizam subprodutos como bagaço de malte, leveduras e plásticos em novos processos produtivos.
Em Alagoinhas, a empresa relata uma redução de 23,5% na geração de resíduos industriais. Já em Itapissuma, os resíduos plásticos — de difícil reciclagem — vêm sendo transformados em produtos como telhas. “Esses resíduos, que antes tinham um destino incerto, agora estão sendo incorporados a novos produtos com valor de mercado”, explica Alaercio Nicoletti, gerente de Sustentabilidade e Inovação do grupo.
Essas ações ocorrem em um contexto de alerta nacional. Segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), o Brasil gera cerca de 77 milhões de toneladas de resíduos ao ano — e cerca de 40% desse volume ainda vai para aterros sanitários. Outro levantamento, realizado pelo projeto Blue Keepers, ligado ao Pacto Global da ONU, aponta o país como responsável por mais de 3,4 milhões de toneladas de plástico despejadas nos oceanos anualmente.
Além das medidas operacionais, o grupo também desenvolve ações de conscientização em comunidades próximas às fábricas. O programa “Bem GP”, voltado a alunos da rede pública municipal, já alcançou mais de 2.950 estudantes em 52 escolas de Itapissuma e Alagoinhas. Os temas abordados vão do descarte correto de resíduos ao uso racional de água e energia. A empresa estima que, ao considerar o alcance nas famílias, o número de pessoas impactadas ultrapassa 12 mil.
O Nordeste, que abriga duas das oito unidades fabris do Grupo Petrópolis, tem papel estratégico tanto na produção quanto nas ações sociais da empresa. Embora o discurso da sustentabilidade tenha ganhado força no setor privado nos últimos anos, o desafio continua sendo o de transformar boas práticas em resultados duradouros — especialmente em regiões onde os impactos ambientais e sociais caminham lado a lado.
